No catolicismo, a passagem
bíblica em que Jesus é visitado por tres
reis magos denominados por Melchior, Gaspar e Baltasar, converteu-se na
tradicional Folia ou Terno de Reis. A tradição chegou ao Brasil no período da
colonização, no século XVI, cerca do ano de 1534, trazido pelos Jesuítas, e servindo
como um instrumento na catequização.
Na
cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos
que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos
Reis" e ao nascimento de Cristo; se estendendo até o dia de Santos Reis,
6 de janeiro. Com variações entre Terno de Reis (pastorinha por exemplo), e Folia
de Reis, sendo composto por músicos que tocam instrumentos de confecção caseira
e artesanal, como zabumba, tambores, reco-reco,
triangulo, flauta
e rabeca (espécie de violino rústico).Além dos “foliões” que tocam e
cantam, os grupos dispõem também de dançarinos, palhaços e outras figuras
folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais.
Em
Correntina, região oeste da Bahia que fica aproximadamente a 919 km de
Salvador, encontramos a Folia de Reis com as formações de “Reis de Zabumba” e o
“Reis de Viola” com o sentido de venerar as festas de santo e viver o bioma
Cerrado (Gerais) em sua plenitude (ALDÈ, 2005). Lá não existe a figura de
palhaços, e não tem bandeiras e estandartes, a sua formação se assemelharia às
bandas de pífano do norte de Minas. A formação do Reis de Zabumba se baseia em
duas “gaitas” uma fazendo a primeira e outra a segunda, zabumba, caixa ou tambor,
triangulos, recos e pandeiros. No caso do Reis de viola, tambor, viola, rabeca
(violino rustico), recos e pandeiros. Os cantos são denominados de “canturio”
sempre tendo primeira e segunda voz, com a ordem Reis do morador, Reis da
Lapinha, Reis da louvação da mesa.
Na
Folia de Correntina estão presentes alguns sambas, as chulas, curraleiras,
trocados, batuques e outros ritmos específicos de cada grupo, que tem o
objetivo de garantir a animação para que os que acompanham (os denominados de “biscoiteiros”)
o grupo permaneça no “giro” dos festejos e para que o próprio dono da casa lhes
dê uma boa “esmola”, esta serve para garanti a reza do dia seis. O giro é o
nome atribuído ao ato de sair à procura do menino Jesus na Lapinha, passando em
todas as casas que os acolhem, por promessa ou por devoção.